Em 2 anos, PF apreendeu 11 toneladas de cocaína de quadrilha alvo de operação

Polícia prendeu 27 dos 50 alvos de prisão e cumpriu 90 dos 139 mandados de busca


A Operação Além Mar, deflagrada nesta terça-feira (18) pela a Polícia Federal, apreendeu desde o início das investigações, em 2018, cerca de 11 toneladas de cocaína. A quantidade equivale a mais de 10% do total de 104,5 toneladas de cocaína interceptada por agentes da PF no ano passado em todo o país, somando diferentes ações e grupos criminosos.

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Ao todo, quatro organizações criminosas participavam do esquema alvo da operação desta terça. Os grupos transportavam a droga por meios rodoviários, aéreos e marítimos.

Nesta terça, as prisões e apreensões ocorreram em 11 estados (AL, BA, CE, GO, MS, PA, PB, PE, PR, RN, SC e SP) e no Distrito Federal. Até 11h, dos 50 mandados de prisão, 27 haviam sido cumpridos, e dos 139 mandados de busca e apreensão, foram cumpridos 90.

Com mandados expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, a PF apreendeu, até as 11h, 46 veículos, três embarcações e oito aeronaves. Os aviões e helicópteros estavam nos estados de São Paulo, Pará, Pernambuco e no Distrito Federal.

Policiais federais também apreenderam, até o balanço das 11h, R$ 314.867,00 em espécie. O valor é a soma de quantias apreendidas em vários estados.

 

Criminosos trocaram aviões por helicópteros

A primeira fase de atuação dos grupos criminosos ocorria com o transporte de cocaína pela fronteira entre Brasil e Paraguai, nas cidades de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, por meio de helicópteros.

“Diferentemente de outros esquemas de tráfico, que utilizam aviões privados e se submetem a toda a fiscalização do espaço aéreo brasileiro, a organização partiu para o uso de helicópteros, que são menos suscetíveis a esse sistema de fiscalização, mas tem menos autonomia do que os aviões”, disse a delegada federal responsável pelas investigações, Adriana Vasconcelos.

Com a necessidade frequente de abastecimento, os helicópteros saíam de São Paulo e paravam para abastecimento na região do município de Teodoro Sampaio (SP). Depois, seguiam viagem rumo a fronteira paraguaia. “Chegando lá, era carregada a droga, o veículo era reabastecido e voltava para São Paulo para descarregar a droga”, explicou Adriana.

Ao chegar à capital paulista, a cocaína era colocada em compartimentos preparados antecipadamente para que fosse ocultada. Em seguida, o transporte ocorria por meio de caminhões para a região de embarque marítimo. “Via de regra, na região Nordeste, mas também houve transporte para a região Norte”, disse a delegada.

A droga era levada, segundo a PF, escondida junto à mercadoria que estava dentro dos contêineres. "Há também outro modus operandi, que é a colocação e retirada rápida da droga, que fica localizada na porta do contêiner. Nessa segunda técnica, muitas vezes o contêiner é retirado ainda no mar", afirmou a delegada.

 

Cada grupo criminoso tinha uma função

Das quatro organizações criminosas que participavam do esquema, duas delas, de São Paulo, eram responsáveis pelo transporte da droga do Paraguai para o Brasil, feito por via aérea, e também para outros estados e para o exterior.

A terceira organização, em Pernambuco, era responsável pelo distribuição da droga pelo território nacional, por via terrestre, transportando-a para os portos de onde elas seriam levadas para o exterior.

"São empresários, funcionários, motoristas do setor de transporte de carga que se passam perante a sociedade como empresários, mas que estão viabilizando o tráfico internacional de cocaína", disse Adriana.

Movimentação financeira no Brás, em SP

Uma quarta organização que ficava no Brás, na capital paulista, cuidavas das finanças. Segundo as investigações, esse grupo movimentava dinheiro do tráfico em contas bancárias de empresas de fachada. Os dólares obtidos com a venda no exterior eram repatriados de forma paralela, sem conhecimento das autoridades, e os valores em espécie eram repassados aos traficantes no Brasil.

Esse último grupo funcionava como um banco clandestino, que disponibilizava uma rede de contas bancárias para a movimentação dos recursos que tinham origem ilícita. "Essa organização se vale de várias contas abertas em nome de pessoas jurídicas, que disponibilizam essas contas mediante remuneração", explicou.

Não há um endereço específico dos bancos, mas, de acordo com a PF, o esquema de movimentação financeira ocorria em ruas como a Oriente e a 25 de março, no Brás.

"Essa organização também oferecia um serviço que chamamos de 'dólar cabo', quando o pagamento pela droga é feito na Europa e a organização entrega o dinheiro no Brasil, sem uma operação de câmbio", disse a delegada.

 

Integrantes de grupos criminosos presos

O homem apontado pela delegada como responsável pela primeira organização criminosa, Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, conhecido como "Minotauro", foi preso pela PF em 2019. "Os comparsas dele continuaram na atuação. A informação que temos é que a organização internava 5 toneladas de cocaína por mês", disse.

Na segunda organização criminosa, a PF apontou Romilton Queiroz Hosi como o responsável. "Ele era foragido, procurado há dez anos pela Polícia Federal e pela polícia do Reino Unido. No curso das investigações, conseguimos prendê-lo em 2019", afirmou Adriana.

Na terceira organização, segundo a delegada, não havia uma única pessoa à frente do setor de transportes. "Havia uma rotatividade grande de empresários", disse. Em Pernambuco, dos 13 mandados de prisão, nove haviam sido cumpridos até as 11h desta terça (18). Entre os presos estão empresários e um piloto.

"Ele [o piloto] é uma pessoa que teve um incremento patrimonial absurdo ao longo de três anos. Uma pessoa que, há três anos, tinha um veículo usado e agora tem seis, sete aeronaves, entre helicópteros e aviões. Na mesma forma, no Pará, foi alvo um outro piloto do tráfico, que começou do zero e apresentou aquela evolução patrimonial não justificada", explicou Adriana.

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